Após a divulgação dos resultados da pesquisa realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) no dia 27, onde 65% dos brasileiros afirmava que "mulheres com roupas curtas merecem ser estupradas", e consequente descoberta do equívoco a respeito dos dados (o instituto divulgou no dia 04 que houve um erro na pesquisa: 26% das pessoas concordavam com a afirmação e 70% discordavam total ou parcialmente desta. Porém, de acordo com a socióloga da Universidade do Rio de Janeiro Márcia da Silva Pereira Leite, "se quase 30% concordam com a afirmação, demonstra machismo elevado"), a discussão a respeito do machismo presente na sociedade brasileira ganhou destaque. Foram criadas campanhas cuja repercussão foi imensa e o assunto conquistou as redes sociais.
A questão que nos ficou suspensa é: até onde existem diferenças no tratamento e representação dos sexos? Apenas algumas páginas não seriam capazes de responder adequadamente à pergunta. Porém existe um lugar onde a discriminação é intensa, ainda que implícita: o cinema.
A questão que nos ficou suspensa é: até onde existem diferenças no tratamento e representação dos sexos? Apenas algumas páginas não seriam capazes de responder adequadamente à pergunta. Porém existe um lugar onde a discriminação é intensa, ainda que implícita: o cinema.
A sétima arte, a princípio, foi planejada e executada por homens. Claro, num contexto extremamente patriarcal, onde as relações entre os gêneros eram extremamente marcadas pelas diferenças. Porém, em pleno século XXI, resquícios dessa visão ainda se fazem presentes nas produções.
E foi nesse contexto que a quadrinista Alison Bechdel criou, em 1985, o teste que levaria o seu nome: três questões simples, que parecem insignificantes, determinam se um filme seria aprovado ou não. Para tal, deve conter os 3 itens:
Pode não parecer, mas a esmagadora maioria dos blockbusters e produções hollywoodianas não cumprem os requisitos. O teste foi duramente criticado como "desnecessário" e "feminazi".
Porém pense da seguinte forma: aplique este mesmo teste em diversos filmes, porém levando em conta a participação masculina.
Haveria algum filme que não passaria por ele? Pouquíssimos. O fato é, talvez não seja pedir demais que mulheres participem da arte retratando mais do que a esposa, a mãe e as filhas do "mocinho".
Claro que existem casos onde o teste torna-se ineficiente, por exemplo o novo ganhador do Oscar de Alfonso Cuarón, "Gravidade": não é aprovado em nenhum dos quesitos, apesar de a protagonista ser uma mulher e não haver sinal de machismo no longa.
OBS: negrito, itálico, sublinhado e vermelho: Não é com nenhuma intenção de denegrir, depreciar ou desvalorizar os filmes a seguir. Ou seja: o teste não é parâmetro em aspectos como qualidade, criatividade, etc. Muitos filmes excelentes não são aprovados no teste, inclusive alguns que figuram entre meus favoritos.
Filmes que foram reprovados no Teste de Bechdel (alguns óbvios, outros nem tanto):
Toy Story
Django Livre
Tomb Raider
Transformers
Saga Star Wars
Quem Quer Ser um Milionário
Dois filmes da saga Harry Potter
Bonequinha de Luxo
Pulp Fiction
Trilogia O Senhor dos Anéis
Filmes aprovados no teste Bechdel (considerando os diálogos entre as personagens femininas maiores que 60 segundos):
Frozen - Uma Aventura Congelante
Matrix - Revolutions
Kill Bill Vol. 1 e 2
Valente
Blue Jasmine
Azul é a Cor mais Quente
Pequena Miss Sunshine
Garota, Interrompida
Watchmen
Maria Antonieta
Batman - O Cavaleiro das Trevas
Requiém para Um Sonho
Prometheus
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
Confira a lista completa no filmow aqui.
E...
Pra quem quer saber um pouco mais sobre (des)igualdade entre os gêneros, fizemos um infográfico baseado na pesquisa americana "Gender Inequality in Popular Films: Examining On Screen Portrayals and Behind-the-Scenes Employment Patterns in Motion Pictures" realizada por estudantes da Escola de Comunicação e Jornalismo Annenberg (link em inglês). A pesquisa foi realizada com os filmes lançados de 2007 a 2009, e atualizada em 2012 pela New York Film Academy.
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